terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Avaliação por RM da Região das Mastóides

Avaliação por RM da Região das Mastóides


O aprimoramento dos equipamentos de RM possibilitaram o estudo detalhado de microestruturas crânio-encefálicas como os hipocampos, sela, mastóides, substância nigra etc... Para a avaliação destas regiões, necessitamos empregar seqüências específicas, por vezes com angulações e espessuras diferentes das utilizadas no estudo do encéfalo de modo geral. Neste sentido, o conhecimento da anatomia, da função e do quadro clínico decorrente do comprometimento destas estruturas é fundamental para indicarmos o protocolo a ser realizado, uma vez que o exame vem solicitado genericamente como RM de crânio.

Nas mastóides as estruturas passíveis de avaliação e suas funções são:
- cóclea: audição;
- canais semicirculares: equilíbrio
- VII nervo craniano: inervação da musculatura facial
- VIII nervo craniano: nervo que leva as informações sobre equilíbrio e audição para o encéfalo
- Condutos auditivos internos: local por onde passam o VII e VIII nervos cranianos
- Cisterna do ângulo- ponto-cerebelar: alargamento do espaço subaracnóide onde temos o trajeto cisternal dos VII e VIII nervos cranianos e também estruturas vasculares como a artéria cerebelar antero-inferior . Revestindo esta cisterna temos meninges.

- Ponte: é o local onde temos os núcleos dos nervos VII e VIII. Nesta região ainda temos tratos de ligação entre os hemisférios cerebelares e outros de ligação entre cérebro e medula.

O quadro clínico relacionado ao comprometimento de tais estruturas inclui:
- paralisia facial;
- vertigem, tontura
- perda auditiva/surdez e
- zubido.

As principais patologias passíveis de estudo pela RM nesta região são:

• Alça vascular, normalmente de artéria cerebelar antero-inferior ( AICA), que promovem compressão do complexo VII/VIII nervos cranianos, notadamente no seu trajeto dentro do conduto auditivo interno. Tal situação é melhor observada por seqüências com forte ponderação em T2 e com cortes submilimétricos ( CISS e TRUFFI nos equipamentos Siemens, Fiesta em equipamentos GE e Volumétrico T2 nos equipamentos Phillips). Tais seqüências permitem ainda reconstruções 3D para avaliação da cóclea e canais semi-circulares.

• Neurites de VII/VIII: melhor avaliadas por seqüências com ponderação em T1 com saturação do sinal da gordura e com o uso de contraste, onde observamos realces destes nervos.

• Outros processos inflamatórios e infecciosos locais decorrentes de extensão de processos infecciosos das mastóides ou pós manipulação cirúrgica.

• Tumores de bainhas nervosas: nascem no ramo vestibular do VIII nervo craniano, Schwanoma vestibular, tendo como sinonímias, neurinoma do acústico e Schwanoma do acústico. Melhor avaliados por seqüências com ponderação em T1 com saturação do sinal da gordura e com o uso de contraste. De crescimento lento, podem promover remodelamento do conduto auditivo interno comprometido.

• Tumores do revestimento meníngeo (meningeomas): Melhor avaliados por seqüências com ponderação em T1 com saturação do sinal da gordura e com o uso de contraste. Normalmente não apresentam extensão para o interior do conduto auditivo interno, com intenso realce pelo contraste paramagnético.

• Tumores glômicos: podem ter origem junto a jugular ou orelha média, com aspecto de sal e pimenta a RM, pela riqueza de estruturas vasculares efocos hemorágicos. Melhor avaliados por seqüências com ponderação em T1 com saturação do sinal da gordura e com o uso de contraste.

• Cistos aracnóide e epidérmóide: tem sinal igual ao do líquor em T1 e T2, porém na difusão os cistos epidermóides tem hipersinal, decorrentes da restrição a livre difusão dos prótons pelo seu conteúdo de alto teor protéico.


Embora protocolo de estudo seja variável de serviço para serviço, devido a diferenças de gradientes, bobinas e softwares dos equipamentos, a adequada avaliação das mastóides conforme supra citado, necessita de protocolo diferente do genericamente utilizado para o estudo de crânio.

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