domingo, 3 de julho de 2011

Hipertireoidismo e contraste iodado

Pacientes com hipertiroidismo (doença de Graves) ou bócio multinodular com autonomia da tireóide (especialmente aqueles que vivem em áreas deficientes de iodo) podem desenvolver tireotoxicose tardia provocada pelo iodo livre do contraste iodado (1) administrado em exames de Rx contrastado ou Tomografia Computadorizada.

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http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/images/ency/fullsize/17067.jpg

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https://myhealth.alberta.ca/Pages/default.aspx
Goiter = bócio

Este efeito pode aparecer 4 a 6 semanas após a injeção intravascular do contraste em alguns pacientes (2).
Isto pode acontecer tanto com qualquer meio de contraste iodado, e geralmente é auto-limitado (2).
A tireotoxicose induzida por contraste iodado é rara (1).

Pacientes com função tiroideana normal não apresentam risco aumentado de desenvolvimento de tirotoxicose. Nesses pacientes, a tireotoxicose induzida por contraste iodado é extremamente rara (1). Nessa subpopulação, não há necessidade de se avaliar a função ou a morfologia tireoideana antes da injeção de contraste iodado endovenoso. Logo, o exame pode ser realizado sem nenhuma recomendação especial (1).

Em pacientes com hipertireoidismo manifesto, a administração de contraste iodado é contra-indicada (1).

Pacientes com doença de Graves ou bócio multinodular e autonomia da tireóide, especialmente se idosos ou que vivam em áreas com deficiência de iodo na dieta são considerados de alto risco (1). Nesses pacientes, é desejável conhecer a função tireoideana antes da injeção do contraste iodado. Todos os pacientes de alto risco devem ser monitorados de perto após a injeção de contraste, preferencialmente por um endocrinologista (1).
Um grupo seleto de pacientes de alto risco pode se beneficiar de terapia tireostática profilática (1).

Para pacientes com hipertireoidismo manifesto ou que apresentem alto risco, a possibilidade de se realizar exame sem contraste iodado ou outro exame alternativo (ex: Ressonância Magnética) deve ser considerada (1).

O meio de contraste iodado interfere tanto na Cintilografia óssea quanto no tratamento radioterápico com iodo. A redução da captação do marcador radioativo se dá, provavelmente, devido à quantidade de iodo inorgânico livre presente na solução de contraste (1).
A Cintilografia não deve ser realizada antes de 2 meses após a administração endovenosa de meio de contraste iodado. Também deve haver intervalo de 2 meses entre a administração endovenosa de meio de contraste iodado e tratamento radioterápico com iodo (I131) (1).

Bibliografia:

1. van der Molen AJ, Thomsen HS, Morcos SK. Effect of iodinated contrast media on thyroid function in adults. Eur Radiol. 2004 May;14(5):902-7.
2. ACR Manual on Contrast Media. Version 7. 2010.

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